Quando
recebi o livro “A linguagem das flores”, como cortesia da Editora Arqueiro, foi
encanto a primeira vista. A delicadeza e sutileza com as quais a menina
segurava em suas mãos uma flor na capa fizeram com que eu me apaixonasse, sem
ao menos ter aberto o livro. Ao ler a frase: “qualquer pessoa pode se
transformar em algo belo”, que compõe a capa da obra, foi como se eu tivesse
recebido um balde de água fria sobre meu corpo quente. Foi um: sim, todos podem
ser pessoas melhores, acredite! Pensei: o que será que Vanessa Diffenbaugh fará
em minha vida? Foi com essa pergunta e um misto de sensações que iniciei a
leitura.
A
princípio, o aspecto que mais me chamou a atenção foi a oscilação durante a
narração. Tendo em vista que ora a personagem conta histórias de sua infância,
ora faz narrações já na sua fase adulta. Achei incrível essa construção feita
por Diffenbaugh. Para mim foi algo novo em um livro, pois em um capítulo vejo a
descrição da infância e no seguinte leio histórias da personagem já emancipada.
Uma ideia realmente fantástica!
Conheci
então a narradora. Uma garota chamada Victoria. “Rebelde e emburrada”, como a
própria se definiu. Ela tinha personalidade forte e durante a sua infância
passou por inúmeros abrigos e casas, até ser considerada “inapta para adoção”. Gostava
de ficar sozinha acompanhada apenas pelas suas melhores amigas: as flores. A
sua relação com as flores era de muito amor, talvez porque elas fossem as
únicas coisas na vida que a passavam segurança.
Victoria reviveu
alguns momentos e questionamentos pertinentes a construção de sua personalidade.
E a medida que as noites passavam a sua angustia começou a reinar. No meio
desse conflito interno, ela encontrava nas flores uma espécie de consolo. Victoria
relata inúmeras histórias de dor e decepção nas adoções, dentre elas, a tortura
que sofreu de uma mulher que a adotou e a negava alimentos. Ela conta também,
que foi adotada por Elizabeth, uma cultivadora de flores. Esta por sua vez, recebeu-a
com um buquê de morrião-dos-passarinhos. “Elas significam seja bem-vindo. Ao lhe oferecer um buquê
delas, estou lhe dando as boas-vindas à minha casa, à minha vida”, disse ela à
Victoria.
Elizabeth
ensinou-a muito sobre a linguagem das flores, sobre que elas representam e
podem fazer na vida de uma pessoa. Elas viveram uma relação muito bonita, mas Victoria
não queria ficar em sua casa e a desafiava o tempo todo. O seu intuito era
fazer a sua mãe adotiva perder a paciência e, então, se tornar inapta para
adoção e parar de pular de casa em casa, já que havia passado por aproximadamente
32 e para a garota Victoria todas haviam sido tentativas frustradas. Porém, a
casa de Elizabeth era diferente, era silenciosa e muitos aprendizados foram
adquiridos nessa relação de mãe e filha. Mas o seu objetivo de ser emancipada foi
alcançado e Victoria iniciou uma nova vida, a seu modo. Com o passar do tempo Victoria
arrependeu-se por ter sido tão dura com Elizabeth e não ter vivido uma vida
linda ao seu lado, mas a sua vivência transformou-a em uma pessoa mais bela.
Seria esse o verdadeiro ensinamento das flores?
Durante a
minha leitura eu pensava: esse livro daria um belo filme. Pelo contexto, pela
história, e pelas imagens que aos poucos eu ia criando em minha mente. Acredito
que essa sensação foi possível pela perfeição da construção feita
brilhantemente pela autora. Quem sabe futuramente não veremos um filme, não é? O
texto é leve e durante todo o livro é possível reconhecer e compreender, de uma
forma muito doce, o título que Diffenbaugh deu a obra.
Bom, a
história não termina por aí, mas não falarei dos pormenores. Essa pequena
resenha é para dar-lhe água na boca. Não contarei maiores detalhes para que
você mesmo leia o livro, descubra os mistérios dessa garota que é apaixonada
por flores e tire as suas próprias conclusões.
Viaje nessa
leitura!