[Resenha] Ausência

 

INFORMAÇÕES:

Título: Ausência

Autora: Flavia Cristina Simonelli

Editora: Novo Século

Ano: 2012

Número de páginas: 279

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Resenha por Nina

Quando recebi o livro “Ausência” fiquei imensamente feliz e, claro, bastante curiosa para iniciar a leitura, tendo em vista que a sinopse muito me chamou atenção e a capa, diga-se de passagem, é incrivelmente instigante. A satisfação foi aumentando significativamente à medida que a leitura era desenvolvida. Esse livro foi uma surpresa incrível, pois a autora descreve com maestria a angustiante doença, tristemente incurável, chamada Alzheimer. Mas a “ausência” descrita no texto não é apenas da memória, decorrida pelo Alzheimer, mas também do sentimento vivido por todos os personagens no decorrer da trama que se entrelaçam brilhantemente feito teias de aranha. E sim, senhores, acreditem: é literatura nacional e de excelente qualidade. Viva!

É intrigante como o simples ato de pensar sobre o Alzheimer já me causou uma inquietação tremenda. Como pode, com o avanço da tecnologia e dos estudos, ainda não haver cura? Ah, as memórias! Elas são tão importantes e desfazer-se delas não deve ser um processo fácil. Esta obra foi, pra mim, um livro perturbador que me fez repensar sobre o mundo, meus desejos e a dadiva que é poder ter uma memória (mesmo que falha às vezes).

“Ausência” é uma narrativa em terceira pessoa que relata o drama vivido por Daniel, um jovem médico neuropsiquiatra, casado e pai de dois filhos. Daniel sofreu um impactante trauma quando criança (que, para a tristeza do personagem passa a ser rememorado). A história acontece em São Paulo, estado em que vive também Ervin, um erudito professor universitário, que apesar de ter mais de setenta e três anos é extremamente ativo, e que conquistou uma carreira invejável. Ele é casado com Margarida e pai de Natasha, uma jovem psicologia divorciada.

Ervin passa por um processo gradativo de perda da memória o que causa muito sofrimento a ele e sua família. Logo, por orientação de um médico amigo, Dr. Lamartine, Margarida procura Daniel que passa a acompanhar o processo de degradação vivido por Ervin. E desde esse encontro, as vidas desses dois homens e de suas respectivas famílias, que se cruzaram de forma aparentemente banal, ficarão eternamente marcadas e NUNCA mais serão as mesmas. Daniel inicia um romance com a filha de Ervin, situação essa que desestrutura completamente a sua vida conjugal. As dores, não cicatrizadas, da infância de Daniel voltam a doer ao serem relembradas. Por quê? Qual é o drama de Daniel? E sua relação extraconjugal? O que acontece com Ervin? Caro leitor, não posso estragar a sua leitura com spoilers. É preciso que leia a obra para desvendar esses “mistérios”.