[RESENHA] "Viagem Sentimental ao Japão", de Paula Bajer Fernandes

(Foto by Nina)

INFORMAÇÕES: 

Título: Viagem Sentimental ao Japão

Autor: Paula Bajer Fernandes

Editora: Apicuri

Ano: 2013

Número de páginas: 240 

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Resenha por Nina

Sabe aquele livro que dá vontade de você dormir abraçado? Lê aos poucos para não perder uma linha sequer e degustar cada palavrinha? Pois é, gente, "Viagem Sentimental ao Japão" é desses livros: dinâmico e possui uma narrativa movimentada.

O livro de Paula Bajer é uma ficção narrada por Anette, uma mulher de vinte e poucos anos, acostumada a viver com seus livros e computador, isolada em sua casa. A personagem coleciona relatos de viagens de autores viajantes e alimenta uma paixão inenarrável pelo Japão o que a leva a estudar sem parar o país, sendo um tanto que obcecada. Anette é encantadora, solitária, sensível, inteligente e prefere o seu mundo da imaginação a contatos pessoais verdadeiros, mas após seu pai ter se aposentado (ficar isolado do mundo e ter tomado conta do sofá), foi pressionada a arrumar um emprego. Após inúmeros currículos enviados, enfim obteve sucesso na busca: uma agência de viagens. Durante a entrevista Anette diz ter visitado vários países e descreve com maestria as visitas imaginárias, não teve outra, convenceu o dono da agência e conseguiu o emprego.

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 O medo que tinha de viajar a fez se interessar e organizar as viagens dos outros, mas Anette não queria vender viagens “prontas” como foi orientada e todos faziam. Ela queria fazer um roteiro específico para cada cliente, de acordo com a personalidade e desejo de cada um, mas isso não foi bem aceito pelo seu chefe, Marcos Paulo, um homem metódico, direto e misterioso. Com o novo emprego a personagem se sentia importante e útil, coisa que pra ela era novidade e, com o tempo, essa fase de transição acarretou a um amadurecimento espontâneo e aos poucos Anette foi conquistando o seu espaço na agência e a confiança do chefe.

Nesse livro a personagem principal conta sobre as delícias e as dores enfrentadas diariamente ao lidar consigo mesma e com clientes confusos e indecisos, narra suas pesquisas e as esquisitices de sua vida de forma bem humorada, tendo falas altamente espontâneas. É preciso frisar também que Anette tem pensamentos repetitivos e os fatores mal resolvidos de sua vida parecem assombrá-la causando uma recorrência constante de determinados assuntos.

(Foto by Nina)

Uma personagem envolvente que conta sua história do ponto de vista do mundo imaginário em que vivia. Interessante também é o fato de Anette intercalar os acontecimentos rotineiros com sua experiência literária, vez ou outra, mencionando livros e personagens, dentre eles Gulliver, logo, percebe-se a importância e a influência desse livro para sua vida.

Importante mencionar que a empatia foi imediata, pois a protagonista narra de forma leve, despretensiosa e sarcástica curiosidades de sua vida como se estivesse sentada em um botequim. Este livro que me trouxe um turbilhão de sentimentos como riso, raiva, dúvida e ansiedade, e se tornou um queridinho. Mas seria Anette simples admiradora ou obcecada pelo Japão? A viagem foi unicamente sentimental ou ela conheceu o país? Qual a sua relação com sua família, seu chefe e seus clientes? Perguntas, caro leitor, que só poderão ser respondidas com a leitura deste instigante intrigante livro.