9 de outubro de 2015

Rain


Hoje quando eu acordei a única coisa que desejei foi um pote de mel pra seguir o arco-íris. Era um daqueles dias preto e branco e era de cor que eu precisava. Abri os olhos e a janela. Só tinha chuva lá fora. E aqui dentro? Era só eu. Fiz-me arco-íris, fiz-me doce, fiz-me mel.

Na verdade precisava me refazer, me virar do avesso. Precisava de tinta e papel. Há quanto tempo não ficava comigo? Ser o seu próprio sol às vezes dói, mas ao mesmo tempo cicatriza a dor. Ser é uma ferida profunda. Não ter é ilusão.

Descartar a aflição, costurar chagas abertas... Não há como fugir, não há porque não fazê-los. Vamos, mostre-me suas feridas. Não esconda esse coração. Há petrificação? Há larvas? Há perfurações? Cada um deve seguir em busca da chuva certa para inundar. E há um pote de mel no fim de tudo isso, eu sei.

Cada dia é um novo mundo que se desfaz e refaz só pra gente.

Em uma daquelas tardes eu abri a janela e um conjunto de cores invadiu minha sala. O chão estava repleto de luz. Debrucei-me e toquei-as. Todas elas. Perpassavam minhas mãos e minha alma. Era uma imensidão de sol que transcorria meu ser. Naquele momento eu fui, eu era... Hoje eu sou.
Nina
 
Texto escrito ouvindo a música "Rain", dos Beatles.


 
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